sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Os bichos de Caetano Veloso (1977)

Os bichos de Cae
Havia vida inteligente na década de 1970 e Caetano Veloso se destaca ainda mais nessa seara musical que tanto fazia seus concorrentes a produzirem mais músicas de qualidade.  A vasta criatividade intelectual de Caetano estava tão aflorada em 1977, que seria impossível não produzir um disco sensacional como Bicho (1977 / Phillips / 21,99) e vale dizer que esse disco trouxe uma das sequências musicais mais emblemáticas da MPB, pois Odara possui um ritmo dançante e frenético em seus quase sete minutos de duração e ainda hoje e já no século vinte e um, a música é referência na discografia do cantor. Sendo um dos discos menos lembrados da carreira, mas curiosamente, o disco que tem um festival de canções cantadas por muitos até hoje, Bicho trouxe na bagagem canções com Um Índio, Tigresa, Gente, Leãozinho.  Tigresa é uma bela homenagem à Sônia Braga e Zezé Motta, duas das inspirações de Caetano naquela época e que tem belas poesias embaladas por um violão elegante.  Para registrar Bicho, Caetano se cercou de um time de excelentes músicos que contribuíram para com a estética do disco, que traz altos arranjos e elaborados artistas. Se hoje vemos Anitta reverenciar as comunidades cariocas, Caetano já o fazia isso e com muita intelectualidade, representando uma pegada forte, dançante e atemporal, que era a proposta de Bicho, como a nova favela brasileira, pois Caetano queria lançar um disco especialmente para as pessoas mais carentes dos subúrbios. O resultado é um disco extremamente culto, refinado, dançante, popular e com a cara tanto do rico quanto do pobre.  Além das músicas e letras, Caetano também assina a capa do disco, com a borboleta, o sol, a lua em fundo branco e a palavra bicho, uma gíria muito comum usada entre os músicos na época. Reitero: esse é um dos melhores e mais completos discos de Caetano Veloso.


Bicho (1977) / Caetano Veloso
Nota 10
Por Marcelo Teixeira

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