quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Ano Luiz Melodia no MCB: o clássico Pérola Negra (1973)

Pérola Negra: clássico dos clássicos
Luiz Melodia é o grande homenageado do Mais Cultura Brasileira neste ano de 2018 (título que no ano passado foi de Marisa Monte) e durante todo esse ano será lembrado aqui e ali por músicas, composições ou álbuns importantes de sua carreira. O artista foi considerado um dos 100 mais influentes do cancioneiro nacional pelo conjunto da obra e suas músicas são referência para muitos cantores que estão inserindo nessa caminhada de fazer música do bem.  Pérola Negra (1973 / Phillips / 19,99) foi o primeiro disco lançado por Melodia, que teve direção musical de Péricles Albuquerque e que foi recebida mornamente na época. A gravação do álbum veio após o sucesso estrondoso das gravações de Gal Costa e Maria Bethânia em 1971 e 1972, respectivamente, das canções Pérola Negra – que dá nome ao título e até hoje é cantada ou reverenciada pelo nome – e Estácio Holly Estácio. Apesar do sucesso de crítica, o álbum não teve o mesmo êxito comercialmente. O disco mescla elementos de diversos elementos ao universo sambista que caracteriza as origens do artista e reflete influências de blues, rock, soul e até samba-canção, de um universo habitado por jazzistas e artistas que Melodia fora influenciado.  Porém, o álbum é famoso por conter uma participação especial do musico dito marginal Daminhão Experiença, que foi convidado para contribuir com o backing vocal na faixa Forró de Janeiro.  Pérola Negra traz dez faixas arranjada pelo violonista Pedrinho Albuquerque. Um solo de flauta de Canhoto, acompanhado por seu regional, dá a largada à eternidade de Melodia, no samba Estácio, Eu e Você, inspirado em Cartola. A segunda faixa já é um blues (e dos bons) Vale Quanto Pesa, em instrumentação acústica. O disco ainda tem o clássico Magrelinha, que anos depois se transformou em outra marca registrada do cantor e compositor carioca. Pérola Negra é o ápice do ápice da música popular brasileira e pude dizer isso pessoalmente ao Melodia em um encontro que tivemos na Avenida Paulista no ano de 2016, quando ele já estava sentindo algumas dores lombares (coisa que a mídia ainda não sabia). Há estética, há beleza, há samba, há blues, há a voz de Melodia estrondando tudo e a todos. Todas as suas obras são e serão reforçadas pela tese de que o começo foi aqui, em 1973, com este emblemático disco que, anos e anos mais tarde, foi incluído na posição 32 na lista dos 100 maiores discos da música popular brasileira pela conceituada Revista Rolling Stone Brasil.


Pérola Negra (1973) / Luiz Melodia
Por Marcelo Teixeira

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