quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Kell Smith: a cantora que nasceu errada

Kell: sucessão de erros 
Kell Smith surgiu como um desses meteoros que vem sendo preparado aos poucos e sem grandes pretensões e que quando caem no solo, eclodem com um barulho ensurdecedor.  A cantora e compositora não saiu de um desses programinhas que ficam à procura de novos (e chatos) talentos, nem foi reconhecida por um grande empresário, mas apareceu na arma mais poderosa dos últimos anos: a internet. Graças às redes sociais que sua música chegou ao topo mais elevado para uma posição considerável na mídia: o ouvinte. Mesmo sendo uma dessas cantoras surgidas aqui e ali, Kell precisa aprender uma coisa: ela não é a única e pode ser que esteja de passagem. Sua música está entre as mais tocadas nos últimos tempos e já foi gravada até por Chitãozinho e Xororó e hoje está entre as queridinhas da maior rede televisiva do Brasil. Mas se ela continuar com o pensamento de que essa sua única canção vai lhe dar todos os atributos benéficos que as redes sociais lhe deram, essas mesmas redes sociais podem lhe tirar o troféu que já fora de Maria Gadú e Ana Vilela. Maria Gadú foi descoberta por um grande diretor dessa mesma emissora, lançou os dois primeiros discos memoráveis e só. Já Ana Vilela apareceu na mesma onda de Kell: compôs uma canção manjadamente popular e apelativa e se lançou na internet. As redes sociais, grande amiga dos artistas anônimos, favoreceu com que Ana fosse uma celebridade momentânea e com apenas uma única canção, diferentemente de Gadú, que lançou outros discos, mas sem grande visibilidade da imprensa. Kell Smith está indo pelo mesmo caminho de Gadú e Vilela, mas com um tempero salgado a mais: ela tem a mesma entonação de voz de Gadú e compõe com o mesmo apelo sensacionalista e popularesco que Vilela. Isso se torna uma grande chatice e não há nada de novidade, sendo assim, a não ser que apareceu mais uma cantora nonsense e blasé para mostrar seu trabalho. Se Ana Vilela ficou meses e meses a fio com uma música que fala de sentimentos e barreiras amorosas e ganhou todas as notoriedades possíveis e imagináveis e Gadú enveredou-se inicialmente pelo mesmo caminho, mas resolveu ir para o lado esquerdo do tempo e, com isso, ganhou menos espaço, Kell Smith é a junção entre as duas outras cantoras, mas não menos talentosa. Eis aqui uma grande preocupação, pois Kell Smith quer mostrar suas canções como se essas fossem relatos de um sentimento mal resolvido. E isso causa um grande alvoroço (Ana Vilela talvez explique!). Gosto da Maria Gadú – embora eu tenha ciclos sentimentais para tal – mas não ouso gostar de Ana Vilela (e não sei explicar bem isso, talvez eu precise ouvir umas novas canções) e tenho quase que noventa cento de certeza de que não gosto e não vou gostar de Kell Smith. A começar, a cantora poderia vir com um nome e um sobrenome mais abrasileirado e, segundo, não vejo verdades em suas letras e muito menos em suas interpretações coreografadas entre mãos, boca, semblante e olhos fechados. Mesmo com uma música com apelo popular emblemática, Kell pode vir a se tornar uma Maria Gadú com semelhanças visíveis à Ana Vilela. O tropeço pode ser grande caso a cantora resolva ficar com essas semelhanças entre a divisão de atenções vocais e sentimentais entre uma cantora e outra. Mas o que se sabe de verdade é que Kell Smith está no meio entre uma cantora de verdade e uma aspirante à tal.



Kell Smith: a cantora que nasceu errada
Por Marcelo Teixeira

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