sábado, 18 de março de 2017

Disco (2013) de Arnaldo Antunes é um grande disco poético


O disco de Arnaldo
Não é de hoje que venho alimentando o desejo de escrever sobre Arnaldo Antunes e de poder dizer que o cantor e compositor se sobressai melhor em carreira solo do que com a banda Titãs. Isso fica claro e evidente em seus discos autorais e em músicas que a banda recusou, colocando o grande artista em destaque inferior (assim como fizeram com Nando Reis, ex titã). Arnaldo já passeou por todos os estilos musicais e por todas as esferas, que fica quase impossível dizer que não tenha sido explorador de alguma categoria musical. Grande poeta que consegue transpassar para a música o seu recado, Arnaldo vêm de uma veia roqueira com o coração manso, passando pelo mundo infantil (Pequeno Cidadão) até chegar os sensacionais e líricos Qualquer (2006) e Iê Iê Iê (2009). Pelo conjunto da obra e pela sofisticação territorial que conseguiu alcançar, o músico chegou à sua extensão poética de qualidade ímpar e solitária com o disco que chega a ser o ápice de sua carreira: Disco (2013 / Rosa Celeste / 27,99). Mas por que esse disco é tão bom assim? O que têm de tão especial que os outros discos dele não têm? Disco é simplesmente o resumo categórico de vinte anos que podaram a inteligência monumental de sua existência física e mental. A métrica simples que foi incorporada a todo o momento de forma única é o que marca a simetria de Disco, uma obra que praticamente nasceu pronta, mas que ficara guardada por muitos anos, em um simbolismo cultural arcaico perante os olhos de uns e sentimental e puro perante os olhos do autor principal. Tudo aqui soa muito simples, muito calmo e muito lúdico e, por esse motivo, Disco acaba sendo um disco atemporal, lírico e sincero.

 

Disco (2013) / Arnaldo Antunes
Nota 9
Marcelo Teixeira

 

 

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