domingo, 24 de julho de 2016

O fraco encontro de Samuel Rosa e Lô Borges em disco ao vivo


Samuel e Lô: ontem e hoje
O Clube da Esquina foi um movimento musical que alcançou voo mais que significativo dentro do âmbito da música popular brasileira e que teve como principais articuladores Milton Nascimento e Lô Borges. O sucesso foi tão imediato que elevou a popularidade do estado de Minas Gerais para o centro das atenções e até o então presidente JK aderiu ao movimento, tornando-se fã número 1 de todos os integrantes. Mais de trinta anos se passaram e eis que a junção do ontem com o hoje voltou a povoar o mercado fonográfico com um disco que visa homenagear o movimento mineiro com pitadas de pop rock atual. O encontro de Samuel Rosa e Lô Borges não tem um significado maior que o simples fato de cantarem sucessos que ainda estão na boca do povo. O pop rock meloso de Samuel encontra a música singela de categoria ímpar de Lô Borges para formarem a dupla do momento em um encontro formal para cantarem sucessos renomados de um tempo áureo da MPB. Mas o que poderia ser bem feito acabou sendo desprezível: a voz de Lô Borges não é mais a mesma e a voz de Samuel Rosa é cansativa, arrastada, sufocada, melindrosa. Não existe uma ligação capaz de suprir o iddeal momento espontâneo com a qualidade musical de um tempo que ficou para trás, mas com raízes significativas e que deveriam ficar lá, quietas, intactas. Não há emoção no disco, assim como não há perfeição. Samuel Rosa e Lô Borges Ao Vivo (2016 / Sony Music / 35,00) é um disco morno quase esfriando, mas que tem um peso importante dentro da música nacional, que é o de resgatar pérolas embutidas em um cancioneiro próprio (o que, para mim, pessoalmente, deveria ficar intacta!).  Mas as duas pontas dessa história musical se encontram para consolidarem um momento único: o encontro de Samuel e Lô passa a ser um divisor de águas para aqueles que não conheceram o Clube da Esquina. Mesmo sendo um disco cansativo, o encontro dos dois não ficará mais do que pouco tempo registrado aqui, em um disco atemporal, tímido, mas com letras bem caprichadas e que elevaram um tempo glorioso da música popular brasileira.

 

Samuel Rosa e Lô Borges Ao Vivo (2016)
Nota 8
Marcelo Teixeira

 

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